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Mitos sobre a produção agropecuária
Mitos sobre a produção agropecuária

           O Brasil é um país agrícola, e o agronegócio tem extrema importância em inúmeros aspectos de nossa sociedade. Isto é um fato irrefutável, apesar de alguns mal informados, quer seja devido à ignorância inocente (falta de conhecimento), ou pela ignorância induzida (maliciosa, proveniente de informações errôneas e tendenciosas) pensarem, divulgarem e praticarem o contrário, esbanjando palpites sobre diversas questões do contexto agrário.

            Na carta de Pero Vaz de Caminha ao Rei Don João VI, nos idos de 1500 já encontramos a constatação da nossa vocação agrícola, pois que “nesta terra, em se plantando tudo dá”. Na sequência da ocupação portuguesa, a exploração dos recursos naturais, associada com a agricultura, como a cana de açúcar, café, especiarias, e criação de gado proporcionou à Terra de Santa Cruz, Terra de Vera Cruz e finalmente Brasil a posição de destaque no cenário agrícola mundial.

            Negar estes fatos históricos, ou ainda pior, desdenhar o esforço e méritos das pessoas que trabalham arduamente para colher da terra, do sol e da chuva o sustento e a riqueza de nosso país, só pode ser por inocência pela ignorância inocente (falta de conhecimento), ou mesmo pela maliciosa ignorância induzida. Questionamentos, ou pior, afirmações sem fundamentos técnicos ou científicos divulgadas na mídia a respeito dos produtos da agropecuária, estão afetando a credibilidade do setor perante a sociedade.

            Atualmente o Brasil apresenta alto nível tecnológico na produção de alimentos, permitindo abastecer a população interna e exportar commodities, garantindo o balanço positivo nas exportações, além de gerar recursos que movimentam a economia nacional e sustentam boa parte dos gastos governamentais como saúde, educação, transporte, segurança e infraestrutura. Segundo o Banco Central, o crescimento do PIB em 2014 será de 2,4%. Estima-se que a agroindústria será responsável por quase metade deste incremento, e gerando aproximadamente de 23% de toda riqueza de nosso país.

            Os índices de produtividade e eficiência da agropecuária brasileira permitem o consumo de produtos de qualidade e segurança alimentar pela população, com preços acessíveis, compatíveis com o nível de renda da maior parte da nossa população. As disponibilidades de grãos, verduras, legumes, carnes e leite são garantia de alimentação saudável e de qualidade para a população.

            A título de exemplo, a produção de frangos do Brasil permite a comercialização desta carne a R$4,0/kg, e o país é o maior exportador de frangos do mundo, comercializando mais de 4 milhões de toneladas anualmente. A disponibilidade de grãos, advinda da alta eficiência agrícola associada as modernas técnicas de nutrição, genética e sanidade permite a conversão de 2,0 kg de ração em 1,0 kg de produto animal, com o tempo médio de abate de 42 dias. No setor de carne de bovinos, somos os maiores exportadores do mundo, e produzimos a maior parte dos animais em pastagens, diminuindo os custos de produção, sem a competição com a alimentação humana.

            Estimativas divulgadas pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo apontam que de 2013 até 2023 o aumento na demanda doméstica de carne bovina no Brasil será de 25,2%. As estimativas apontam ainda elevação na taxa de lotação das pastagens, bem como na produtividade atingindo 12 milhões de toneladas de equivalente carcaça, assegurando o atendimento da demanda doméstica, e mantendo posição de principal exportador mundial de carnes.

            Contudo, ações das “ignorâncias”, inocente ou induzida, como acusações de que hormônios são administrados para produção da carne de frango, que os agricultores utilizam agrotóxicos de maneira excessiva, ou ainda campanhas de personalidades do meio artístico afirmando que a produção agropecuária é a principal causa dos danos ambientais ao nosso planeta, podem prejudicar e muito o setor agropecuário. Recentemente, o Professor Doutor Antônio Gilberto Bertechini concedeu uma brilhante entrevista no Canal Livre da Band, esclarecendo mitos relacionados aos produtos de origem animal.

            Os erros cometidos no passado na utilização de recursos naturais, como a destruição das florestas para a prática da pecuária de corte não se justificam frente à possibilidade de associação entre as atividades agrícolas e florestais. Em sistemas integrados pode-se abater um animal com dois anos, utilizando-se até cinco a seis cabeças por hectare. Os dados de pesquisas nacionais evidenciam alta produtividade com base nos conhecimentos sobre manejo de pastagens, nutrição, genética e sanidade. Sistemas pecuários em pastagens manejadas de maneira adequada podem sequestrar carbono da atmosfera, além de permitirem menor emissão de gases efeito estufa como o metano e o óxido nitroso.

            A diversidade de clima e de solo do país nos permite adotar sistemas de produção agrícola com baixo nível de insumo, os quais são menos produtivos, mas resultam em produtos diferenciados, no que diz respeito as exigências de um determinado nicho de mercado quanto ao nível de compostos químicos utilizados na produção, como é o caso dos produtos orgânicos. A questão básica a ser avaliada é o volume da produção, bem como o seu custo em relação à demanda de alimentos para uma população crescente.

            Hoje somos 210 milhões de brasileiros, a nossa agropecuária produziu em 2013 aproximadamente 160 milhões de toneladas de grãos, e 27 milhões de tonadas de carnes, com estimativas para 2022 de mais de 210 milhões de toneladas de grãos, e 33 milhões de toneladas de carne, obviamente, sem aumento do território nacional. Se adotarmos sistemas menos produtivos, como fechar esta conta? Como atender a demanda da população? Devemos considerar que não há perspectiva de diminuição da população humana, e tão pouco das exigências alimentares dos mesmos.

            Destacamos que a dedicação, o profissionalismos, e o conhecimento são a base para o sucesso, pois a intensificação através do uso dos recursos disponíveis com vistas a produtividade é a sustentação destes agricultores. Portanto, a terra associada ao conhecimento e dedicação é decisiva para o sucesso da exploração de uma propriedade agrícola a médio e longo prazo.

            O nosso compromisso como geradores de conhecimento é estabelecer ações que diminuam os efeitos nefastos das ignorâncias sobre o setor agropecuário. Devemos divulgar os dados das pesquisas de maneira que os mesmos cheguem ao conhecimento daqueles que fazem e aplicam as leis. Desta forma, uma pessoa que atua em setores que tenham interações com a agropecuária tenha possibilidade de avaliar, julgar e assim emitir opiniões sobre a mesma, evitando assim a pratica das ignorâncias.

            Acreditamos que a agropecuária brasileira ocupa posição de destaque no mundo, quanto ao volume e qualidade dos produtos, e precisamos mostrar que os exemplos de qualidade, eficiência produtiva e responsabilidade ambiental e social são reconhecidos em inúmeros eventos científicos nacionais e internacionais.

            Todavia, a prática da ignorância deve ser avaliada, pois a tomada de decisão com base apenas em maus exemplos não pode servir de parâmetros para a definição de políticas públicas as quais podem comprometer anos de trabalho árduo de pessoas que construíram uma grande nação agrícola.

Autores: Prof. Dr. Ricardo Andrade Reis e MSc. Rondineli Pavezzi Barbero - UNESP – Jaboticabal/SP. Publicado em BeefPoint (10/01/2014) com o título “Ignorância inocente ou induzida: mitos sobre a produção agropecuária precisam ser esclarecidos”.

http://www.beefpoint.com.br/cadeia-produtiva/ignorancia-inocente-ou-induzida-mitos-sobre-a-producao-agropecuaria-precisam-ser-esclarecidos/

 

 

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