Para que um animal seja abatido em um frigorífico com serviço de inspeção oficial, especialmente o Serviço de Inspeção Federal, que funciona sob a coordenação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, é necessário que uma série de regras sanitárias e de bem estar animal sejam cumpridas.
Tais regras visam garantir, mesmo antes da operação de abate em si, que o animal esteja em perfeitas condições de saúde e que sofra o mínimo possível. Esses procedimentos estão definidos na legislação e compreendem todas as espécies de açougue (bovinos, suínos, caprinos, aves dentre outras).
Concentrando apenas no abate de bovinos. Para que os animais sejam recebidos nos currais do estabelecimento eles devem vir acompanhados da Guia de Trânsito Animal – GTA, que é um documento padronizado nacionalmente que é emitido pelos órgãos estaduais de defesa sanitária animal dos estados. Este documento é a garantia dada pelo serviço de saúde animal dos estados de que os animais foram submetidos ao controle e profilaxia de todas as enfermidades que contemplam programas sanitários e podem vir a causar prejuízos econômicos ou à saúde. Juntamente com a GTA o proprietário apresenta uma declaração onde garante que estes animais se submeteram a uma série de requisitos (não usaram hormônios ou promotores de crescimento, não se alimentaram de proteína animal, não utilizaram determinados medicamentos e tiveram prazos de carência respeitados, foram criados em determinado Estado, dentre outros) referente às boas práticas de produção.
Ao desembarcarem os animais são submetidos s inspeção ante mortem (que antecede o abate). Esta é feita em dois momentos: logo na chegada e antes de se iniciar o abate diário.
Esta inspeção serve para que o médico veterinário possa observar o animal sob todos os aspectos, mais especialmente a saúde dos animais. Pois são várias as doenças que põem em risco a saúde pública e o abate destes animais enfermos é proibido. Além de enfermidades deve-se evitar o abate de animais em estágio final de gestação ou que tenham abortado recentemente e animais excessivamente magros.
Detectada qualquer suspeita de enfermidade os animais poderão ser isolados em curral próprio da inspeção federal para análise mais minuciosa e decisão final.
Depois de recebidos os animais permanecem no estabelecimento por no mínimo 12 (doze) horas, período a que são submetidos a jejum e dieta hídrica, em currais com lotação pré-estipulada e sob aspersão de água. Tal procedimento tem o intuito de desestressar o animal melhorando a condição final da carne e garantir um menor risco de contaminação da carne com conteúdo gastrointestinal.
Caso algum animal apresente fratura, hemorragia, contusão generalizada ou permaneça deitado (decúbito) o médico veterinário, evitando o sofrimento desnecessário do animal, lançará mão do abate de emergência (nestes casos a liberação da carne fica condicionada a decisão do médico veterinário que faz a inspeção post mortem).
Durante o período compreendido entre a chegada e o abate todas as medidas de maus tratos aos animais devem ser evitadas, como por exemplo, o uso de instrumentos pontiagudos.
A legislação também obriga que o sacrifício (abate) de animais de açougue seja feito por métodos humanitários, utilizando-se de prévia insensibilização baseada em princípios científicos, seguida de imediata sangria. Isso quer dizer que os animais antes de morrerem são submetidos a um processo mecânico (pneumático) de impacto que faz com que os mesmos percam a consciência antes de terem os grandes vasos seccionados. Traduzindo para o português mais simples o animal não vê e não sente o corte que o levará a morte.
SAÚDE E INSPEÇÃO ANIMAL
Artigo publicado em http://www.saudeinspecaoanimal.com.br, em 14/05/2013.