O Brasil, por intermédio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) está investigando um possível caso de encefalopatia espongiforme bovina (BSE), popularmente conhecida como “vaca louca”, no estado do Pará.
O Ministério se posicionou com uma curta nota:
“O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) informa que, acerca do caso suspeito de Encefalopatia Espongiforme Bovina (Mal da "vaca louca"), todas as medidas estão sendo adotadas pelos governos.
A suspeita já foi submetida a análise laboratorial para a confirmação ou não e, a partir do resultado, serão aplicadas imediatamente as ações cabíveis.”
Embora a análise no laboratório nacional tenha identificado um caso “atípico”, que aguarda confirmação via contraprova em laboratório de referência no Canadá, o que preocupa os atores envolvidos, em especial frigoríficos e pecuaristas, é que, confirmado o foco da doença, mesmo que atípica, as exportações de carne bovina para a China devem ser suspensas. Protocolo sanitário assinado entre os dois países prevê o auto-embargo por parte do governo brasileiro no caso da detecção de foco.
O Ministro da Agricultura e Pecuária, Sen. Carlos Fávaro, afirmou durante a reunião Interministerial da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban) realizada no último dia 15, no Palácio do Itamaraty, em Brasília, que: “A relação comercial com a China é extremamente importante para o Brasil, em especial para o agro brasileiro”. Principal parceiro comercial, a China respondeu por U$ 89,7 bilhões das exportações brasileiras em 2022, com superávit de U$ 29,8 bilhões.
Após implantado, a suspensão do auto-embargo dependerá das autoridades sanitárias e aduaneiras chinesas, não tendo um prazo determinado e dependendo das explicações técnicas do governo brasileiro.
Nos casos anteriores, já na vigência do protocolo sanitário internacional entre Brasil e China, o tratamento foi diferente.
No ocorrido em 2019 o embargo durou 13 dias, tempo suficiente para as devidas explicações técnicas do governo e a análise por parte das autoridades chinesas. Já nos casos ocorridos em 2021, em Mato Grosso e Minas Gerais, o período do embargo se estendeu por 103 dias, afetando toda a cadeia de carne bovina.
Em 2021 o Brasil era tratado como pária no cenário diplomático mundial. Ou como diria um importante diplomata de Israel, o Brasil havia se tornado um “anão diplomático”, graças à péssima política externa desenvolvida pelo governo Bolsonaro, indo de encontro ao agro nacional.
Tendo sido todos os procedimentos técnicos adotados, o atual governo, que por sinal tem viagem prevista para Pequim no final de março, deve negociar com o governo chinês um curto prazo de embargo à nossa carne bovina.
O FOCO:
A Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) em nota afirma “que houve uma notificação de animal com sintomatologia de doença nervosa” e que “de imediato, fiscais agropecuários seguiram protocolo sanitário, coletando material biológico e encaminhando-o para análise, no Laboratório Federal de Defesa Agropecuária. Todas as medidas sanitárias preconizadas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) estão sendo adotadas”.
A Adepará "rapidamente comunicou" o Ministério da Agricultura e Pecuária. O animal não era de confinamento, foi abatido e a fazenda está isolada. Segundo o ministro da agricultura, "se confirmar (o foco), todos os procedimentos foram rigorosamente cumpridos", e complementa: "Estamos tranquilos com os procedimentos tomados."