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LEITE COMPENSADO 4
LEITE COMPENSADO 4

                Na semana passada o Ministério Público do Rio Grande do Sul com apoio de órgãos policiais e de fiscalização agropecuária deflagrou nova operação intitulada Leite Compen$ado, a quarta.

                Segundo o Ministério Público as investigações desta quarta etapa da operação Leite Compen$ado iniciaram em fevereiro, quando o MP recebeu documentos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA comprovando a adição de formol em 12 amostras de leite cru coletadas em um posto de resfriamento localizado no Noroeste. Segundo o Ministério da Agricultura, parte do leite adulterado foi entregue a uma empresa de laticínios, que colocou o produto à venda no mercado.

                Como nos casos anteriores o alvo das investigações, apreensões e prisões é a adulteração do leite por advento de seu transporte e conservação, antes de chegarem às fábricas de laticínios ou nas usinas de beneficiamento de leite. Desta vez as investigações se concentraram em oito cidades na região noroeste gaucha, com envolvimento de um posto de resfriamento que encaminhava produtos para os Estados de São Paulo e Paraná.

4                Mais uma vez trata-se de uma fraude econômica, com riscos a saúde pública. O processo consistia em adicionar uréia agrícola ao leite para mascarar a adição de água. Quando se acrescenta só a água o leite perde densidade e a temperatura de congelamento (crioscopia) também é alterada, o que é detectado com facilidade nos laboratórios das indústrias que recebem o produto.

                Com a adição da uréia estas análises ficam prejudicadas, pois com uma fórmula simples que os falsificadores já dispõe, os mesmos mascaram estes índices utilizados para conferir a qualidade do leite.

                O pior é que a uréia agrícola contém em sua composição formol e substâncias cancerígenas, tornando o que seria uma fraude econômica em crime contra a saúde pública. Outros produtos que estariam sendo utilizados no leite com o mesmo propósito e que também servem para diminuir a acidez do leite são água oxigenada (peróxido de hidrogênio) e soda caustica.

                Segundo as investigações cerca de 300 mil litros de leite adulterado das marcas Parmalat e Líder foram postos à venda nos estados de São Paulo e Paraná. Os demais estados, incluindo Rio Grande do Sul e Santa Catarina não teriam recebido lotes produzidos com matéria prima adulterada. Ainda segundo o Ministério Público do RS, os produtos com problemas foram processados nas unidades apenas de Guaratinguetá (SP) e Lobato (PR).

                Nota-se que mesmo com o MAPA apertando o cerco contra adulterações e agora contando com total respaldo do Ministério Público do Rio Grande do Sul e dos órgãos fazendários estaduais os criminosos continuam a agir. Reflexo da cultura da impunidade, onde por mais que a fiscalização e a polícia ajam as leis são fracas e tênues e o poder judiciário se vê cada vez mais sem ação. Formação de quadrilha para enquadrar estes criminosos parece estar fora de cogitação. Uma vez que a mais alta corte do País entendeu, em caso muito mais grave em que milhões de brasileiros tiveram seu dinheiro (público) desviado de ações de saúde e outras (ação penal 470 – Mensalão) não se constituiu em formação de quadrilha, seria um absurdo enquadrar em tal crime “empresários” que expuseram a risco de saúde “apenas” 300 mil pessoas, a se considerar um litro por pessoa.

                Ao leitor um alerta: estamos falando de adulterações detectadas junto ao leite fornecido e distribuído por empresas registradas no Serviço de Inspeção Federal – SIF que, alem de mais exigente que os serviços estaduais e municipais, está menos sujeito a influências políticas e de demais atores externos.

                Parece brincadeira, mas quanto ao risco de substâncias cancerígenas, o leite de canequinha (clandestino) vendido em muitas cidades brasileiras está em melhores condições. O que poderia ocorrer seria beber mais água que leite, encontrar uma piaba (pequeno peixe) no galão e a ingestão de um maior número de coliformes fecais e urina, nada comparado a ingestão de formol ou soda caustica.

SAÚDE E INSPEÇÃO ANIMAL, 18/03/2014

 

 

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