É de conhecimento geral que a situação do País vem se deteriorando nos últimos anos. As reformas necessárias a manutenção das conquistas econômicas não foram realizadas e o modelo de crescimento sustentado apenas no consumo interno já dá sinais claros de exaustão. Na área de segurança pública, nossas fronteiras servem para ingresso de contrabando e drogas, elevando os índices de violência a patamares que são capazes de deixar qualquer Sírio ou Iraquiano de boca aberta. Lá as guerras matam menos!
Mas o estado brasileiro está chegando ao ponto de perder a noção das coisas. Quando seu maior gestor vem a público, em cadeia nacional, fazer campanha eleitoral informando que mandou medida provisória para o Congresso reajustando a tabela do imposto de renda, quando na verdade o reajuste só seria dado em janeiro. A trapalhada foi tamanha que, sendo o reajuste menor que a inflação (já sem controle) o próprio governo determina que sua base no Congresso inclua o reajuste em outra MP, pois a oposição desejava conceder o reajuste da inflação à tabela, beneficiando milhões de brasileiros o que, logicamente, não é interesse do Governo. Ou seja, o Governo mandou derrubar (ou caducar) a Medida Provisória eleitoral anunciada e com isso foi dado o sinal para que qualquer autoridade pública possa falar qualquer besteira.
Pois bem eis a nova pérola: O Superintendente Federal da Agricultura no Rio Grande do Sul, autoridade que representa o Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento naquele importante estado afirmou em matéria divulgada na imprensa que “não se pode garantir a qualidade do leite”.
Ora se o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, que é o órgão responsável pela inspeção dos produtos de origem animal diz que não pode garantir a qualidade de um produto alimentar como o leite, das duas uma: ou se fecha o órgão ou se substitui os gestores por alguém com competência para fazer o que precisa ser feito.
Na onda de que o governo está a serviço de projetos políticos e de poder, não se pode agora, deixar a população a mercê de produtos lácteos que possam expor a risco a saúde dos consumidores.
O mais estranho deste fato é que foram os próprios Fiscais Federais Agropecuários do MAPA que detectaram as irregularidades em empresas de transporte e em fábrica de laticínios no estado do Rio Grande do Sul e, em parceria com o Ministério Público Estadual, deflagraram a operação “Leite Compen$ado”, que já se encontra na quarta edição, coibindo delitos e inclusive levando a prisão os responsáveis pelos crimes praticados.
O Sindicato Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários – AnffaSindical divulgou nota em que contesta as afirmações do Superintendente, e afirma: “O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, por meio da Superintendência Federal de Agricultura no RS e o Laboratório Nacional Agropecuário (LANAGRO) em Porto Alegre, sempre atuou no combate à fraude do leite e demais produtos alimentícios. Sem a ação dos Fiscais Federais Agropecuários do SIF- Serviço de Inspeção Federal, em parceria com o Ministério Público, a operação ‘Leite Compen$ado’ não teria sido realizada e as empresas com irregularidades não estariam sendo investigadas, punidas e os criminosos presos.”
A nota afirma ainda que a Fiscalização Federal Agropecuária é parte essencial na cadeia produtiva para garantir a inocuidade dos alimentos oferecidos aos consumidores.
A luta do sindicato é para garantir melhorias nas condições de trabalho, pela ampliação do número de Fiscais, contra a restrição dos recursos para a fiscalização (algo que virou rotina no atual Governo), pela gestão por meritocracia e consequente redução da interferência política nas ações de fiscalização do MAPA.
O Brasil é o maior exportador de commodities agropecuárias do mundo. Carnes, leite e grãos são destaques na nossa balança comercial. Tanto o Serviço de Inspeção Federal – SIF quanto o Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional – VIGIAGRO, são reconhecidos mundialmente por seus serviços de excelência, tanto que o país exporta para os mercados mais exigentes do mundo.
O País precisa ser claro em seus posicionamentos, se o representante do Ministro afirma que não se pode garantir a inocuidade dos alimentos de origem animal, como podemos querer exportar? Pois a declaração do Superintendente do Rio Grande do Sul deu a entender que os produtos consumidos pela população brasileira não são seguros. Já os exportados têm segurança?
O Brasil é um País continental com milhares de indústrias de produtos de origem animal implantadas nos mais diversos estados. Se alguém estiver transgredindo as normas e expondo a população a riscos que o Estado aja, como o vem fazendo no Rio Grande do Sul. Se os gestores se sentirem incapazes de exercerem seu mister a ponto de informar que a situação dos alimentos não pode ser garantida, que faça como os policiais do BOPE do filme Tropa de Elite: PEDE PARA SAIR!!!
SAÚDE E INSPEÇÃO ANIMAL